Minha Opinião - Colossal


Nacho Vigalondo, diretor e roteirista espanhol, já me surpreendeu com o controle de roteiro e criatividade no seu filme "Crimes Temporais". Filme que lida com viagem no tempo e, se destrinchado, se mantem coerente a ponto de ser surpreendente para um tema complexo que pode facilmente sair dos trilhos.
Infelizmente ele não conseguiu entregar tudo que se esperaria nesse filme. Mas sem dúvidas é uma ideia diferente e bastante estranha. Tokusatsu, Pacific Rim(?) e Avatar (lol). Acho que não tenho bagagem suficiente para definir.


Colossal conta a história de Gloria, desempregada, festeira, dependente do namorado (que não faz parte do mundo de balada dela) e o pior, possivelmente alcoólatra. Nós temos todas essas suas características mostradas na primeira sequência do filme, as vezes é tão simples apresentar um personagem. Mas a facilidade e concisão não mantiveram o nível com o avançar da história.


Ela é expulsa de casa pelo companheiro, e o único lugar que tinha para ficar era a antiga casa dos pais, na cidade que cresceu na infância (pelo visto os amigos de farra são coerentes com a realidade, só prestam na farra). Lá ela reencontra o seu amigo dos primeiros anos de escola, Oscar (possivelmente a pior coisa no filme), que lhe oferece um emprego de garçonete em seu bar.
Tudo que falei até aqui é a forma sem SPOILERS de apresentar o filme, e gostaria que você visse o filme apenas lendo até aqui. Se, por sorte, não tiver visto o trailer, NÃO VEJA. Sua experiencia será um pouco melhor se for às escuras.
Pulando para a parte que mais importa. A protagonista controla um monstro (estilo vilão do Ultraman) que pode ser invocado todos os dias, as 8h04, em Seul na Coréia do Sul. Basta que ela entre no horário certo na área que fica um playground, próximo a escola sua antiga escola. Obviamente ela fica maluca quando descobre, e é muito interessante e instigador você ir descobrindo com ela o que está acontecendo.



Mas, infelizmente, o filme se perde depois do primeiro ato. Ela sofre por ter matado pessoas antes de descobrir o que estava acontecendo, fica sem saber o que fazer. Busca ajuda, e no fim, consegue deixar uma mensagem em coreano na areia da praia, um pedido de desculpas pela destruição. O MONSTRO É BOM! FOI TUDO UM ENGANO!
Eu pensei "Agora vai, são tantas possibilidades para se explorar", e o filme vai para o lado mais sem graça da trama, a obsessão fajuta do Oscar pela Gloria. FUCK THIS! Jason Sudeikis, ator que interpreta Oscar, simplesmente não funcionou para mim, nem um bêbado convincente ele entregou.
Antes de sermos levados pelo blá blá blá, é revelado que o Oscar também tem um alter ego monstrengo, na verdade, um alter ego MEGAZORD. Em flashbacks durante todo o filme é mostrado a magia por trás dessa estranha "habilidade" dos personagens. Basicamente, um ato de inveja por parte do Oscar e o ódio da Glória teria desencadeado a reação que deixou o solo do local marcado, e eles com a conexão estranha com os seres. Se não entendeu bem, farei matemática básica, crianças + trabalho de maquete + maquete de Seul + vento + terreno baldio + Oscar indo buscar + Oscar pisoteando maquete + Ódio da Gloria + Raio em suas cabeças + bonecos de Tokusatsu em suas mochilas. É...



Oscar começa mostrar suas garras, e a trama se volta para suas incinuaçoes para Gloria, e ameaças de destruir Seul com sua habilidade. O filme se foca nessa lavação de roupa, a ponto do antigo namorado, Tim, aparecer na cidade e se confrontar com Oscar. No meio de tudo isso o filme acha tempo de ser cômico, sombrio, triste. Acho que foi coisa demais para um só roteiro.
Dito isso, gostaria de dizer algo que me incomodou ao termino do filme. Por que diabos tem o seguimento de vícios e transtornos emocionais no roteiro? É dado uma importância ao tópico que me fez achar que seria levado a algum ponto chave da trama, mas não, ele poderia ter parado na Gloria gostar de balada. Nem seria preciso a ênfase dado em ela ser dependente de álcool, ou Oscar ser uma espécie de acumulador de lixo. Eu estava crendo que naquele terreno baldio teria acontecido algum forte trauma com os dois, e assim sido desenvolvido seus problemas. Quem sabe até os monstros poderiam ter sido melhor explicados/desenvolvidos seguindo essa linha de pensamento.



O roteiro tinha potencial, a primeira metade é muito legal, mas o filme fica com as pernas bambas até seu final. Se os gigantes tivessem vindo do futuro, talvez o Nacho Vigalondo teria menos linhas de pensamento para escrever em um só longa.

Apesar de tudo isso, recomendo o filme pela sua ideia diferente. Ele trás uma trilha sonora de presença, a atmosfera geral é legal... Enfim.

NOTA 6,0


Ficha técnica –

Direção – Nacho Vigalongo
Roteiro – Nacho Vigalongo
País – Canada / USA / Espanha / Coréia do Sul
Ano - 2016

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