Minha Opinião - A Ghost Story


Pelo trailer, Ghost Story se vendeu melhor que pelo seu primeiro ato inteiro. Não a pressa na execução da história, com planos longuíssimos, em alguns momentos chegando a parecer que o filme havia travado na minha tela. (Realmente cheguei a checar)
Nesse início é gastado tempo para mostrar o casal, nos fazer mais próximos deles, tentar passar o amor e carinho um para o outro. Fui fisgado pela cena, depois do barulho a noite, com eles na cama tentando se recuperar do susto. Das cenas longas, essa foi a que me prendeu o olhar e mente, eu me conectei.



Algo que complementou e me segurou no filme, foi sua trilha sonora. Que composição bela, melancólica, ela dá movimento até para as cenas mais mortas e apáticas. Confesso que não seria difícil eu largar o filme se ele não tivesse esse ponto forte, por conta dessa decisão narrativa.
Indo para a premissa.


O rapaz morre em um acidente de carro em frente a própria casa, e aí começa a crueldade do filme, apesar de não ser deixado claro. Já no IML, ele é deixado pela esposa e a câmera dorme virada para seu corpo por minutos. Então ele se move por baixo dos panos, eu pulei, não imaginei algo tão brusco, fui surpreendido. Aí temos nosso fantasma.
Com ele vagando pelo hospital, é aberto um grande portal de luz na sua frente, que logo é fechado. É a cena, com teor espiritual, mais forte do filme. Claramente mostrando sua negação em ir para um plano “afterlife”, e se condenando a criar uma raiz no plano terreno.



A partir desse ponto o filme muda, é mais objetivo em suas ideias, e funciona pela simplicidade e ligação forte com uma base espiritual que qualquer pessoa no mundo conhece. Como uma energia remanescente de alguém que já se foi, aqueles momentos de calafrios em locais que seu conhecido costumava ficar. E até mesmo, “poltergeist”, manifestações físicas que seriam causadas por fantasmas. Ghost Story não é só um filme sobre isso, mas é onde ele ganha a força que precisava.
Sua esposa junta as coisas e se prepara para ir embora. Mas antes, faz seu pequeno ritual que carrega desde a infância, algo escrito em papel e guardado em alguma pequena fenda da casa. Algo que representasse tudo que ela passou por lá, algo para deixar um pouco de si no local, para quem sabe um dia volta-se lá. O fantasma fica só, tentando buscar o papel na pequena fenda apertada.
Claro que a casa não ficaria vazia para sempre. A primeira família, uma mãe solteira e seus dois filhos, vieram. Pessoas felizes, tudo demonstrado por uma passagem de tempo que faz muito sentido para uma alma perturbada. Em estantes, passasse meses. Com uma montagem e direção muito boas, nos fazem entender como seria restar algo de si, perturbado, depois de uma morte inesperada.



O fantasma se enfurece e temos sua primeira manifestação, seu “poltergeist”. Entramos então em uma pequena odisseia da destruição do Ser, afastando qualquer um que vá na casa. Tudo com a esperança que um dia a esposa volte, que retorne seu último fio de ligação com o mundo que ele se recusa deixar.
Ghost Story tem um início difícil de acompanhar, mas depois ele ganha a força que precisava. Com uma direção que fez o que quis, como pensou, e obteve os resultados desejados. É melancólico, diferente e vai te grudar a atenção. Com uma trilha que compõe a obra. E um ato final cruel e forte, apesar de aberto. Uma obra diferente do que eu esperava, mas suprindo todas as expectativas.


Nota 7,8


Ficha Técnica -
Direção - David Lowery
Roteiro - David Lowery
País - USA
Ano - 2017

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